A área plantada brasileira que possui seguro cresceu quase 100 vezes entre 2005 e o ano passado: passou de 68 mil hectares para 6,6 milhões de hectares.O crescimento acelerado se deve ao subsídio que o governo federal passou a dar aos produtores há cinco anos. Isso significa que o volume financeiro segurado também cresceu em projeção geométrica, aumentando bastante a exposição de risco das poucas seguradoras que atuam no segmento de seguro agrícola.
Para sustentar esse avanço, o governo finalmente aprovou, na semana passada, o Fundo de Catástrofe do seguro rural, ao qual as seguradoras e resseguradoras (empresas comas quais as seguradores dividem o risco e o prêmio de seguro) poderão recorrer em caso de grandes sinistros decorrentes de eventos climáticos.
Além dos riscos agrícolas, o fundo também dará amparo às atividades pecuária, aquícola (pesca) e florestal.”Passamos de um capital segurado de R$ 127 milhões em 2005 para quase R$ 10 bilhões em 2009, que é o volume em risco que o mercado segurador está cobrindo”, quantifica Wady Cury, diretor Técnico da Companhia de Seguros Aliança do Brasil, a líder em seguro agrícola no Brasil.
Cerca de 11% da área plantada brasileira possui seguro hoje, que cobre perdas decorrentes de fenômenos meteorológicos, como incêndio, tromba d’água, ventos fortes, granizo, geada, chuvas excessivas, seca e variação excessiva de temperatura.
Em 2005, porém, esse percentual chegava a apenas 1%, lembra Cury. “O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) fez o papel de fomentar a procura pelo seguro, pois os custos passaram a ser factíveis. Faltava um instrumento que sustentasse a oferta”, diz o diretor. No ano passado, o governo liberou R$ 260 milhões em subsídio.
Só o governo disponibilizará R$ 4 bilhões para o fundo – metade de imediato e a outra metade em até três anos – em moeda corrente ou em títulos públicos. Para administrar o fundo será criada uma empresa de propósito específico, que poderá ter como cotistas seguradoras, resseguradoras, empresas agroindustriais e cooperativas, que também vão fazer aportes. “Essa ferramenta (fundo) funciona em alguns países que são referência no seguro agrícola, como Estados Unidos , Espanha e Turquia”, diz Konrad Mello, subscritor de Agro da Munich Re do Brasil.
Metas e desafios Estimativas do Ministério da Agricultura para a safra 2019/20 preveem que cerca de 70% da área plantada tenha seguro.”Isso representa um crescimento de mais de 20%ao ano”, observa Mello.
Mais do que capacidade financeira para segurar toda essa área, entretanto, o mercado segurador tem de se adequar operacionalmente, avalia Glaucio Toyama, diretor de Agronegócio e Seguros Especiais da Mapfre.”A capacidade organizacional e estrutural de vistoria, aceitação de risco e liquidação de sinistro das seguradoras hoje pode não ser suficiente para atender uma grande catástrofe”, observa.
Toyama também observa que o crescimento da área segurada pode esbarrar nos menor volume de recursos que o governo tem liberado para subsidiar o seguro. “Desde o ano passado, o governo tem reduzido as liberações e não está claro se o crescimento será de forma sustentada”, diz o diretor. Para 2010, as seguradoras solicitaram R$ 460 milhões do PSR, mas só obtiveram R$ 238 milhões.
Apesar do acelerado crescimento de quase 100 vezes desde 2005, o seguro hoje cobre apenas 11% da área plantada no país.”O fundo vem trazer equidade entre a procura e a oferta do seguro rural, já que a subvenção fez o papel de aumentar a procura pelo seguro”
Data: 31.08.2010 – Fonte: Brasil Econômico | Finanças | BR