Executivo acredita que cidade de São Paulo deve ficar fora da abertura da Copa por falta de estádios adequados e tempo para construir nova arena
A Allianz Seguros estuda vender seguros para a faixa da população que ganha entre R$ 700 e R$ 1.000,00 reais -ou rendimento médio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 1 a 2 salários-. Os produtos teriam preços na faixa entre R$ 5 e R$ 10 mensais. A intenção do grupo é aumentar a faixa de crescimento anual, que gira entre 17% e 18%. Uma das estratégias para ampliar o market share seria atuar na faixa de menor renda, com produtos adaptados.
Um dado que motiva a seguradora a aumentar sua participação é que o volume de prêmios em 2010 no mercado brasileiro deve dobrar e pode até triplicar, segundo projeções da Superintendência de Seguros Privados (Susep).
O organismo aponta faturamento de R$ 696 milhões em prêmios em 2009. Nos quatro primeiros meses de 2010, o volume atinge R$ 226 milhões.
No Brasil, a faixa de renda almejada pela seguradora corresponde a um universo de 15,177 milhões de famílias -ou quase um quarto da população, segundo o IBGE-. Deste montante, 7,617 milhões residem no sudeste, 2, 991 milhões, no sul, e 2, 4 milhões, nos estados do nordeste.
“Grandes obras requerem alto nível de especialização, e poucas seguradoras contam com isso no Brasil”
O diretor de Operações da Allianz, Jesús Marin Rodríguez, revelou que já há estudos para lançar o produto com valor abaixo de US$ 5 mensais. “Seria um produto diferente do existente na Índia. Lá existem seguros de US$ 1 a US$ 4 por mês. Queremos oferecer um produto mais robusto e mais adequado ao brasileiro.”
Ele explicou que a população brasileira é mais heterogênea e apresenta outras necessidades. “Um seguro no valor de R$ 5 para quem ganha mil é muito atraente e parece ser um bom produto. Custa menos que dois cafés.”
Segundo ele, o brasileiro ainda não tem o hábito de pensar em guardar dinheiro para o futuro. “O País cresce rápido, mas demora para se ter esta consciência”, afirmou.
Rodríguez não revelou qual o potencial, os prazos e os locais de testes piloto. Contudo, confidenciou que os custos de implantação não seriam altos, mas faltaria regulação de sinistros. Na Câmara dos Deputados tramita projeto para regulamentar a modalidade de microsseguro.
Resseguro
O presidente da seguradora Allianz no Brasil, Max Thiermann, diz que a empresa almeja conquistar mais espaço no mercado de resseguros. Este tipo de negócio era monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB-Brasil Re), criado em 1939 pelo presidente Getúlio Vargas.
Thiermann disse que, com a abertura do mercado, o Brasil ganhou a atuação de mais 5 players. “Não é como o público gostaria porque estão se adaptando, mas a abertura caminha bem.”
Ele analisa que o País ganha com isto. “Temos uma licença, embora restritiva, para podermos atuar no mercado. Estamos utilizando esta capacidade.” Para ele, capacidade técnica e preço podem ser fatores determinantes para emitir a apólice.
Quanto a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Copa e Olimpíadas, o executivo vê com bons olhos as oportunidades. “Seja em estádio, hidroelétrica, produção de energia eólica, temos grandes complexidades de planejamento e execução. Requer especialização e poucas companhias podem disputar isto no Brasil.”
O presidente da seguradora ressaltou que, além de aporte financeiro, é preciso ter capacidade técnica para acompanhar as obras. Segundo ele, a contratação é uma das prioridades da obra. “Antes de começar a obra, os editais pedem a contratação de seguros, seja de garantia, para a exequibilidade ou para mensurar viabilidade do projeto.”
Copa
O seguro de grandes eventos esportivos é um dos filões que a Allianz quer. Quando questionado sobre o fato de a abertura da Copa ser na cidade de São Paulo, o presidente da seguradora no Brasil, Max Thiermann, praticamente descartou a possibilidade. Segundo ele, o estádio do Morumbi está descartado por não se ter como construir estacionamentos no entorno. “Os estádios no Brasil, de modo geral, são ruins.”
Questionado se seria viável construir uma nova arena na capital paulista -no caso, em Pirituba, zona leste de São Paulo-, o executivo duvidou da possibilidade. “Teria que entregar a obra em dois anos por conta da Copa das Confederações. Acredito que São Paulo ficará fora da abertura da Copa.”
Em Munique, na Alemanha, a seguradora investiu 340 milhões de euros na Allianz Arena.
Índia
O executivo da Bajaj Allianz Índia, Kamesh Goyal, estima que o potencial mundial de microsseguros é de US$ 1,9 bilhão naquele país. Ao todo, a Allianz conta com 2, 097 milhões apólices em seguro de vida e 34 mil em saúde, com atendimento em 16 dos 28 estados da Índia, com produtos vendidos ao preço de US$ 2 a US$ 4.
Data: 23.06.2010 – Fonte: DCI – Comércio, Indústria e Serviços | Seguradoras